Ontem foi dia de sarar feridas. "Sofremos como cães", tal como nos desejaram, é verdade. Mas tal como os cães, somos leais. Leais à causa. Foi somente a derrota que mais me custou ver em toda a vida de benfiquista. Mais do que os 5-0, mais do que os 7-1. Mais do que tudo. Porque dói quando é injusto. Porque dói quando já não se espera. Simplesmente porque dói. Mas doridos, cá estamos. Senti-me como o Jesus. Para lá do gozo dos adversários, foi o momento mais trágico-belo de todo o jogo, o ajoelhar do Jesus. Personificou na perfeição o sentimento dos benfiquistas. Um só gesto e tão meu, tão nosso. Mas hoje é outro dia. Já consigo não pensar no Benfica a cada dez segundos. Faço de tudo para não ter esperança para quarta-feira. Finjo que não acredito. Mas lá no fundo, o Benfica, mesmo sendo vermelho, é a própria esperança. Como fugir da esperança? Digam-me e eu fujo. Viva o Benfica!